segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

As pessoas são estranhas

As pessoas são estranhas quando tu és um estranho
As caras parecem feias quando estás só
As mulheres parecem perversas quando não és desejado
As ruas são irregulares quando estás em baixo

Quando és estranho
Caras surgem da chuva
Quando és estranho
Ninguém se lembra do teu nome
Quando és estranho
Quando és estranho
Quando és estranho

As pessoas são estranhas quando tu és um estranho
As caras parecem feias quando estás só
As mulheres parecem perversas quando não és desejado
As ruas são irregulares quando estás em baixo

Quando és estranho
Caras surgem da chuva
Quando és estranho
Ninguém se lembra do teu nome
Quando és estranho
Quando és estranho
Quando és estranho

Quando és estranho
Caras surgem da chuva
Quando és estranho
Ninguém se lembra do teu nome
Quando és estranho
Quando és estranho

Quando és estranho

Jim Morrison, The Doors - Strange Days (Elektra Records, 1967)

Tradução: JBS


A morte torna-nos a todos em anjos
& dá-nos asas
no lugar dos ombros
suaves como as garras dos
corvos

Jim Morrison, in An American Prayer, 1970

tradução: JBS
Reencontro De Ruínas

Naquele mesmo restaurante de não há assim tantos anos, num mesmo fim
De tarde sem noite à vista, os mesmos nomes, os mesmos óculos de sol
No bolso, o saco das memórias mais cheio, outras vidas, menos vida,
Agora tão velhos, uns doentes, quase arruinados, outros com a vida interrompida,
Sem regresso possível, à noite em que ejaculei nas cordas do kantele,
Beijei-os a ambos, a ela, cheia de vida e fome e a ele por solidariedade,
Antes não a fazia rir tão facilmente, agora até isso me dói,
Temos sempre a eternidade toda até ser demasiado tarde,
Agora a noite cai antes de escurecer, o cansaço é outro e dá vontade
De regressar, fechar as portas e regressar, o passado só mora no silêncio,
O regresso é apenas um desfile de ruínas, é uma amputação certificada,
Engole-se o sol como se aquele reencontro fosse um eco,
Mas sabe-se que não há ecos nas planícies da derrota que é o espelho,
Só um arremedo grotesco e um sorriso amarelo de quem que em vez de te habitar
Te assombra

06.12.2015

Turku


João Bosco da Silva