domingo, 14 de setembro de 2014

Henry Chinaski

Ela escreveu-me a dizer que me lia de bikini, ao Sol do fim da tarde quente da California
Durante as suas férias da capital, disse que fui a companhia no crepúsculo dourado,
Os seus olhos nas minhas palavras, nos meus pensamentos solidificados, transferidos
Para dentro daquele corpo salgado e brilhante ao Sol, as virilhas deliciosas,
Encontrei-a uma vez na apresentação de um livro de poesia, o seguinte ao que
Ela andava a ler, reconheci-a ao entrar pela foto que me tinha enviado, sentada
Num bar conhecido, sorriu-me como se me conhecesse melhor do que muitos
Amigos de carne e anos, durante a apresentação a presença dela era vibrante,
Sentia-lhe a vontade à distância, e o gosto dos whiskeys que tinha emborcado
Antes para coragem, tornavam aquela vibração mais forte, enquanto assinava
Uns livros ela saiu, nem chegou a vir ter comigo, mas sabia que a ia encontrar,
Acabo de assinar o último livro e de dar o último gole na cerveja já quente,
Saio para a festa que se seguia àquilo, para amigos e conhecidos, ela estava lá,
Vem ter comigo, como é que é, pergunto-lhe, ela ri-se como se aquilo fosse
A melhor frase de engate que tinha ouvido na vida, o resto da gente parece ter-se
Tornado em barulho de fundo, apenas isso, ela falava com um entusiasmo
Típico dos vinte e poucos anos, trazia uma saia curta e as pernas nuas,
Bebemos tanto quanto falamos, até que me dá vontade de mijar, e lhe digo,
Vamos mijar, saímos os dois até ao jardim, estava vazio, saquei a gaita fora
E mijei, depois de a sacudir viro-me para ela enquanto a meto dentro
Para ela a ver, ela esperava encostada à parede, aproximo-me dela e digo-lhe,
É assim que vai ser não é, é o que queres, enfio-lhe a língua na garganta
E um dedo na rata, estava molhada, já devia estar à espera daquilo
Desde os fins de tarde em bikini, provei o sumo dela e partilhei na sua língua,
Tinha um sabor e um aroma delicioso, salgado e quente, como a tinha
Imaginado a ler-me ao Sol, desvio-lhe as cuecas para o lado e tento entrar nela,
Estava demasiado bêbado para a comer de pé, ela ri-se e diz-me, não pensavas
Que fosse tão alta, de facto era difícil enfiar-lha assim, deito-a sobre uma mesa
De pedra, ela tira as cuecas e finalmente escorrego para dentro dela sem dificuldade,
Estás a ser fodida por um poeta, digo-lhe e vejo-lhe os dentes a brilhar ao luar,
Tinha uma cona insaciável que me fez vir apesar da bebedeira, contudo, antes
Pergunto-lhe, posso-me vir, ela entre suspiros pede-me que o faça e descarrego
Tudo em cima da mesa entre as pernas dela, salpicando-lhe as nádegas
E as coxas, ela sem se limpar, veste as cuecas e regressamos para a festa
Como se tivéssemos ido apenas apanhar ar fresco, tantos anos a escrever
Poesia em quartos bafientos, entre uma solidão esmagadora, tantos anos
Em multidões e sem uma cara, todas aquelas noites de tesão seco à janela
A ver as putas a ir para o trabalho, tudo teve que fermentar para agora
Se poder beber o sumo quente que escorre dos lábios tocados pelos
Meus versos, penso que depois daquela noite, nunca me voltou a ler,
Tinha provado o último poema, o poema mais sincero e real, tinha comido o poeta.

14.09.2014

Turku


João Bosco da Silva