terça-feira, 8 de janeiro de 2013


Dança Da Mini

Manda-se vir mais uma mini porque ainda há tempo para engolir sem vontade, esperando que
Venha a oscilação que equilibre as companhias e as coloque em harmonia com o balcão
Onde alguém semeou cascas de amendoins e tremoços já secos, existe algo de profundo
No gesto de acender mais um cigarro, sem deixar que o outro se acabe de extinguir, meio
Esmagado no cinzeiro, o ritmo das bolas batidas impõe um certo rigor abstracto na dança
De cotovelo e ombro, palmadas nas costas e filhos da puta no momento em que se mija
A cerveja que alguém pagou com o mesmo desprezo com que se cospe no urinol, espera-se
Estoicamente que o tasqueiro mande tudo embora, na esperança de conseguir roubar aquele minuto
Proibido, aquele fino redentor que arrefece os dedos através do copo de plástico, a última
Esmola do dia a quem não esperou nada mais, entretanto vê-se a telenovela e espera-se poder
Esculpir cornos à brasileira quando se exibem às mesmas mãos que dão palmadas nas costas,
Grandes os artistas que pagam as cervejas, que se mijam, quando eles se vieram, filhos da puta,
Nem se sentem, esquecem-se com mais um gole, mais um bater de bolas e quem sabe,
Seja tudo mentira, quem sabe, e ninguém sabe coisa nenhuma enquanto se desaperta o cinto
À pressa, desesperado pelo alívio rápido da frustração, seja em forma de umas cinturadas
Indesejadas ou de uma foda roubada ao amigo do peito, não lhe digas nada, pago eu pá,
É ao perde paga, quem perde paga a rodada, é a pagar, deixa estar isso, está pago,
Venha mais uma, acendam-se mais uns minutos que se sopram com a negligência de um
Imortal, que amanhã é Domingo e lavam-se os pecados que todos conhecem, em hipocrisia pedante,
A ressaca já está habituada às exigências da moral, por isso também ela fica em casa,
Deitada no sofá à lareira, espreguiçando-se como um gato que é, quando quer.


07.01.2013

Turku

João Bosco da Silva