sexta-feira, 14 de outubro de 2011


Poema De Amor



Sabes, todos aqueles poemas que te são dirigidos, não são poemas de amor,

São mapas onde te encontras, desenhados por algo que cegou, não pelas minhas mãos,

Acredita, mas pela sua sombra, a sombra das mesmas que te tocaram e hoje descansam

À volta de um copo quase vazio, alheadas dos olhos, onde pingam momentos quando fechados,

Perdidos todos, mas só assim se ressuscitam os mortos, os que a vida deixou

E os que a vida ainda mata, os que têm um nome comum e os que têm um mais próprio.

Se isto fosse um poema de amor, devias senti-lo nos lábios e não como uma música silenciosa,

Devias deixá-lo tocar-te de olhos fechados, abraçar-te no ar com a vontade maior que as palavras,

Mas já percebeste que não é um poema de amor, é uma consequência da sua morte,

Porque era impossível chorar quando tu carne quente que me acolhia, quando tu

Olhos que me iluminavam a solidão de uma noite de Outono, quando tu um nome tão meu

Como o acordar nas manhãs frias, quando tu sempre certa no teu silêncio de ilusão.

O teu olhar tornou-se triste, algo se apagou de mim em ti, por isso este mapa,

Pintado com lágrimas, das que não se deixaram correr, para que pelo menos

Saibas o regresso às recordações, numa noite fria de Outono enquanto a vida te esquece.



14.10.2011



Turku



João Bosco da Silva