quarta-feira, 21 de abril de 2010


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Queres subir, alto, cada vez mais alto,
Mas as coisas que tu conheces,
Que tu gostas de verdade, porque conheces,
Que fazem parte de ti,
Cada vez mais longe,
Cada vez mais pequenas,
Quase impossíveis.

Não sabes que o céu é lugar para vazios?
À noite só uma imensidão negra,
Com umas estrelas de luz tímida,
Tão distantes,
Separadas umas das outras por eternidades.

Queres subir, alto, cada vez mais longe de ti,
Perder-te num vazio desconhecido,
Só porque desconhecido.
Sente os pés na terra,
Respira fundo, abre os olhos,
Abre os olhos e olha à tua volta:
É o que tu és.
Não te procures onde não estás.

João Bosco da Silva

21.04.2010

Savonlinna

Poema para “Disse-me António Montes”